A volta por cima de Mendonça Filho
Começando muito jovem a sua carreira política se elegendo deputado estadual em 1986, Mendonça Filho teve uma ascensão meteórica na vida pública, se reelegendo em 1990 e virando deputado federal em 1994. Na articulação que permitiu Jarbas Vasconcelos disputar o governo de Pernambuco contra Miguel Arraes e sair vitorioso em 1998, Mendonça foi escolhido para o posto de vice-governador, permanecendo no cargo por sete anos e três meses.
Na condição de governador de Pernambuco, Mendonça tentou com o apoio da União por Pernambuco e do então governador bem-avaliado que disputou o Senado Jarbas Vasconcelos. A tentativa foi sem sucesso. Apesar de chegar ao segundo turno, sofreu uma derrota sonora para Eduardo Campos, que se elegeu em 2006. Passado o processo eleitoral Mendonça ficou responsável por reestruturar o PFL, que virava Democratas, em Pernambuco a partir de 2007.
Na condição de presidente estadual do Democratas, Mendonça decidiu disputar a prefeitura do Recife em 2008, tendo como seu vice André de Paula. Mesmo tendo um desempenho eleitoral expressivo, Mendonça mais uma vez amargou uma derrota majoritária, desta vez para João da Costa ainda no primeiro turno. Naquela ocasião o Democratas saiu bastante enfraquecido, tanto a nível estadual, quando elegeu poucas prefeituras, quanto a nível nacional, que amargava ter que fazer oposição a Lula, então presidente muito bem-avaliado e que almejava extirpar o PFL da política, como ele próprio afirmou uma vez.
Sem mandato e derrotado pela segunda vez seguida por um cargo executivo, Mendonça tentou construir sua candidatura a deputado federal em 2010. O resultado da disputa lhe trouxe uma sobrevida, que demonstrou também força familiar, quando o cunhado Augusto Coutinho disputou um mandato em Brasília e saiu vitorioso. Não era novidade na família, pois em 1994 tanto Mendonça quanto seu pai José Mendonça se elegeram juntos para a Câmara dos Deputados.
Incentivado pelas pesquisas, que apontavam um recall ao seu nome, Mendonça disputou a prefeitura do Recife, o que foi um erro de cálculo, pois dificilmente conseguiria um resultado expressivo já que não tinha partidos lhe dando suporte. As urnas trouxeram uma realidade amarga: apenas 19 mil votos para prefeito e pouco mais de 2% dos votos válidos. Naquele momento parecia que Mendonça estaria encerrando a sua vida pública. A sua disputa para deputado federal em 2014 era complexa mas a aliança com o PSB lhe permitiu a penúltima vaga da Frente Popular.
No ano passado foi alçado ao posto de líder do Democratas na Câmara dos Deputados. No cargo, Mendonça foi se reconstruindo politicamente, sobretudo no tocante à oposição que ele fez ao governo Dilma Rousseff, ganhando respeito e notoriedade nacional. Em 2016, por uma questão de rodízio, Mendonça deixou de ser líder do seu partido na Câmara, mas nem por isso perdeu a representatividade na Câmara. Com a eminente queda de Dilma, Mendonça por nunca ter desistido de fazer oposição ao PT, passou a ser um político respeitadíssimo em Brasília.
Com a experiência de quem foi deputado estadual, deputado federal, secretário, vice-governador e governador, sendo especializado em gestão pública em Harvard, Mendonça passa a ser o político de Pernambuco a figurar numa lista de ministeriáveis do cada vez mais provável governo Michel Temer. Há quem fale que Mendonça pode assumir a Integração Nacional por ser uma pasta relevante para os problemas do Nordeste. Caso se confirme a sua ida para a Esplanada, Mendonça sobe de patamar, pois passará a ser um importante ator da política pernambucana, figurando na seleta lista de senatoriáveis da chapa de reeleição do governador Paulo Câmara em 2018.
A volta por cima de Mendonça só pode ser comparada a do seu algoz da disputa de 2006 Eduardo Campos, que precisou se reinventar após a operação dos precatórios no governo Miguel Arraes. Ainda que não venha a se confirmar a sua ida para o ministério de Temer, fica evidente que Mendonça voltou ao jogo político nacional que reverbera diretamente em Pernambuco, o seu reduto eleitoral.
PSB – Caso o PSB tenha direito a uma pasta na esplanada, dificilmente será algum político pernambucano, pois o único com envergadura para o posto, o senador Fernando Bezerra Coelho, receberia vetos do Palácio do Campo das Princesas. Os nomes cotados são o ex-governador Renato Casagrande e Beto Albuquerque, vice na chapa de Marina em 2014, sendo o segundo com maiores chances de ser nomeado por Michel Temer.
Aécio Neves – Segundo colocado na disputa presidencial de 2014, o senador Aécio Neves apesar de ser um fiador do eventual governo Michel Temer, não deverá ocupar nenhuma pasta. Aécio confidenciou a interlocutores que preferirá continuar no Senado sendo um importante interlocutor do Planalto com o Congresso Nacional.
Elias Gomes – O prefeito do Jaboatão dos Guararapes Elias Gomes recebeu o Prêmio Governador Barbosa Lima Sobrinho para o Prefeito Empreendedor. Promovido pelo Sebrae em parceria com a Amupe, a premiação contempla gestores que implementaram projetos de estímulo ao surgimento e desenvolvimento de pequenos negócios e à modernização da gestão pública. A vitória do tucano foi pelo projeto “Arranjos Produtivos Locais” de incentivo aos polos de crescimento do município através de capacitação dos empresários e da própria empresa em tecnologia, informação e inovação.
Placar – O Mapa do Impeachment do Vem Pra Rua e o Placar do Impeachment do Estadão, iniciam a quinta-feira com notícia negativa para o Palácio do Planalto. O Mapa aponta 324 favoráveis, enquanto o Placar mostra 332. A expectativa é que ao final do dia possa existir os números suficientes para aprovar o impeachment de Dilma Rousseff.
RÁPIDAS
Gilberto Kassab – O ministro das Cidades e presidente nacional do PSD Gilberto Kassab, após a definição dos deputados de apoiarem o impeachment, decidiu entregar o cargo a presidente Dilma Rousseff, que prontamente não aceitou. Dilma deve ter avaliado que a saída do ministro seria ainda mais devastadora na luta inglória contra o impedimento.
Jorge Côrte Real – Extremamente ligado ao ministro Armando Monteiro, o deputado federal Jorge Côrte Real, que é presidente da Fiepe, decidiu votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O posicionamento de Côrte Real era extremamente complicado pois teria que optar pelo aliado ou votar com o desejo do mercado, acabou optando pelo mercado.
Inocente quer saber – O deputado Sílvio Costa assumirá a liderança da oposição no eventual governo Michel Temer?