Por Terezinha Nunes
O estado de Pernambuco, que começou a recuperar sua auto-estima desde o ano de 2003, quando, após décadas de entraves, passou a crescer mais do que o Brasil, deixou o Ceará para trás e começou a ameaçar economicamente a Bahia, ganhou esta semana uma homenagem especial nas palavras do respeitado jornalista Gilberto Dimenstein, da Folha de São Paulo.
No artigo “Salvador é uma mentira”, em que se referia aos atuais vexames baianos com uma greve na polícia que ameaça o carnaval, Dimenstein afirmou que, por falta de oportunidades em sua terra natal, os “cérebros” de Salvador – pessoas altamente qualificadas em suas áreas – migraram para o Sudeste, sobretudo para Rio e São Paulo – citou como exemplo os publicitários – deixando um vazio na cidade difícil de preencher.
Ele próprio, que é baiano e integra a imprensa paulista como um dos seus mais importantes componentes, fez um contraponto a tudo isso, citando Pernambuco e o Recife que, conforme ressaltou, criaram o “Porto Digital”, segurando por aqui alguns dos melhores talentos e tornando o nosso estado em um “exportador de software”.
Elogios ao Porto Digital são comuns hoje em dia mas talvez Dimenstein tenha conferido a esta iniciativa do ex-governador Jarbas Vasconcelos, continuada pelo governador Eduardo Campos, o verdadeiro sentido de sua importância que é a de fazer Pernambuco ser reconhecido não só pela pujança econômica atual, ou pela incomensurável cultura que tem, mas como um verdadeiro estado do futuro e de ponta em uma área que é o top de linha nos avanços tecnológicos da atualidade.
Gerando mais de 6 mil empregos no Bairro do Recife e abrigando milhares de engenheiros da computação, o Porto Digital, idealizado pelo ex-secretário de ciência e tecnologia do Governo Jarbas, Claudio Marinho, e pelo cientista Silvio Meira é hoje, além de empregador de toda esta mão-de-obra, uma referência no mercado de trabalho do Sudeste.
Ele fez com que Pernambuco, estado de origem de 7% dos migrantes que hoje habitam São Paulo – percentual igual ao da Bahia – atingissem um outro grau de importância profissional. Até o final dos anos 90 os paulistas viam nosso estado como um exportador de “paraíbas” ou “baianos”, como são conhecidos os peões nordestinos que, independente do estado de nascimento, deixaram o Nordeste em busca de emprego na indústria da Construção Civil, primeiro no Rio e depois em São Paulo.
Mais recentemente, Pernambuco passou a ser referência também na área do jornalismo – os jornalistas pernambucanos são tidos hoje como os melhores do Nordeste e, como tal, recebidos com respeito na imprensa sulista – e na área publicitária.
Foi o Porto Digital, porém, o grande responsável pelo Upgrade alcançado pelos profissionais pernambucanos na atualidade. Dizer hoje em São Paulo que trabalha ou trabalhou no Porto Digital é uma senha para abrir as portas do mercado.
O Cesar, nossa maior empresa no setor, ganhador de vários prêmios nacionais, vem sendo citado quase todas as semanas na imprensa do sul e o seu idealizador, Sílvio Meira, está incluído entre os três ou quatro brasileiros mais respeitados na área da Ciência da Computação.
Isto Pernambuco conseguiu, é preciso dizer, porque administradores públicos modernos enxergaram nas nossas universidades potencialidades latejantes há anos esperando oportunidades para aqui mesmo mostrar sua capacidade.
Agora não são mais os pernambucanos que têm que sair daqui para fazer reuniões importantes em outros estados. Todos os dias Pernambuco recebe executivos ou especialistas em Computação de grandes grupos nacionais e internacionais que para cá se deslocam para encontros em empresas que lhes prestam serviços no Porto Digital. Não há preço que pague isso.
CURTAS
Inferno astral
O PT passou toda esta semana na berlinda. Primeiro tendo que explicar a adesão às privatizações tão demonizadas por Lula e seus seguidores e, segundo, tendo que enfrentar as agruras da greve de policiais militares na Bahia e endurecer o jogo quando a imprensa revelava que, tanto o governador Jacques Wagner (PT) quanto Lula, foram insufladores das greves de policiais quando estavam na oposição.
Na parede
O governador Eduardo Campos jogou o PT em uma encruzilhada esta semana ao admitir, pela primeira vez, que a Frente Popular pode vir a ter mais de um palanque na eleição do Recife e se unir no segundo turno. Era tudo o que queriam os partidos governistas que não desejam apoiar João da Costa e ensaiam rebeliões aparentemente aceitas pelo Palácio do Campo das Princesas. Desta vez, ou o PT se ajeita, ou vai amargar arrependimentos tardios.
Na vitrine
O deputado federal Eduardo da Fonte(PP), que busca se viabilizar como alternativa na eleição do Recife e procurou esta semana o senador Jarbas Vasconcelos logo depois de fazer vazar para a imprensa que admitia apoiar Jarbas se ele fosse candidato a prefeito, fez o mesmo, uma semana antes, com o deputado federal Sérgio Guerra. Da Fonte sonha em, afagando o ego dos líderes da oposição, vir a ter no futuro algum aceno deles para sua própria candidatura.
Deixe um comentário