Insatisfações se proliferam dentro da Frente Popular
Nem bem foi dada a largada para a eleição de outubro que irá decidir se o Recife reelegerá Geraldo Julio ou se trocará de prefeito, que a frente que dá sustentação ao prefeito socialista começa a encontrar fissuras. Uma delas é a situação do PCdoB que está uma arara com Geraldo e seu núcleo político por conta da provável rifada de Luciano Siqueira da chapa de reeleição.
O PR do deputado federal Anderson Ferreira e o PSC do deputado estadual André Ferreira cogitam apoiar em bloco um candidato a prefeito, que tanto pode ser Geraldo Julio, como qualquer outro postulante, desde que o poderio eleitoral da dupla seja efetivamente valorizado. O PP do deputado Eduardo da Fonte, que em 2012 apoiou Humberto Costa e em 2014 foi um dos últimos partidos a fechar questão com a eleição de Paulo Câmara, também não considera um alinhamento automático com Geraldo Julio, e pode prevalecer a aliança com o PT ou até mesmo uma negociação com Silvio Costa Filho.
Outro partido que também está se queixando da atenção dispensada é o PEN, que recentemente posou para a foto com o prefeito, mas uma fonte ligada ao partido afirmou que o martelo ainda não foi batido, e pode haver reviravoltas na decisão da sigla sobre o rumo a ser tomado. Como se não bastasse, o PT decidiu ontem pela candidatura própria e deverá lançar o ex-prefeito João Paulo, que tem aparecido bem nas pesquisas de intenção de voto.
O PSDB, que vez por outra flerta com Geraldo, não se sente representado por Aline Mariano na equipe do prefeito, e quer a todo custo que Daniel Coelho seja o candidato do partido a prefeito, inclusive realizando movimentos no sentido de construir a candidatura de Daniel. Além de tudo isso, um interlocutor da gestão afirmou que a prefeitura não teria cacife pra viabilizar a reeleição de Gerado Julio. Num cenário de crise, o prefeito não terá muita massa de manobra para cativar aliados e isso poderá ser fundamental na formação dos palanques.
Alem do mais, com o cenário de crise, os argumentos oposicionistas tendem a ser melhor assimilados pelo eleitorado do que os argumentos de um prefeito buscando reeleição. Se Geraldo Julio não conseguir dar um freio de arrumação na Frente Popular, o seu projeto para outubro pode ficar seriamente comprometido.
Pautas – A falta de agendas públicas do governador Paulo Câmara tem intrigado aliados porque o governador estaria dando um indicativo de enfraquecimento da gestão. O finado Eduardo Campos fazia da sua ida aos municípios um acontecimento histórico, ainda que o objetivo da ida ao município fosse uma simples ordem de serviço. Essa comparação tem prejudicado muito o governador perante seus aliados.
Mudança – Exercendo o segundo mandato, o vereador Erivaldo da Silva (Eri) iniciou a sua carreira política ao lado do deputado Eriberto Medeiros e até recentemente integrava a base do prefeito Geraldo Julio. Porém, Eri decidiu migrar para o PTdoB onde será o presidente municipal e apoiará a candidatura do deputado Sílvio Costa Filho (PTB) a prefeito do Recife.
Mais do mesmo – O PT trará seu programa partidário hoje a partir das 20:30 horas. Nele, nenhum mea culpa, comparações com períodos anteriores e dizendo que a crise é passageira. Certamente contribuirá para acirrar ainda mais o clima de insatisfação que se instaurou no Brasil. Dilma sequer fala no programa, e a fala de Lula beira o cinismo.
João Santana – Substituto de Duda Mendonça, marqueteiro preso pelo escândalo do Mensalão, o marqueteiro João Santana, responsável pela vitória de Lula em 2006 e pelas vitórias de Dilma em 2010 e 2014, teve sua prisão decretada ontem na 23ª fase da Operação Lava-Jato. Santana teria recebido recursos de empreiteiras no exterior por ter comandado a campanha de reeleição de Dilma.
RÁPIDAS
Apoio – Apesar de não ter dado o ar da sua graça nas eleições de 2014 para ajudar Paulo Câmara a vencer a disputa, o ex-governador João Lyra Neto afirmou que o governador Paulo Câmara deverá ir a Caruaru a fim de apoiar a candidatura da sua filha, a deputada Raquel Lyra, a prefeita em outubro.
Desmentindo – O senador Delcídio Amaral, que esteve até recentemente preso por envolvimento na Operação Lava Jato, ligou para os seus colegas senadores a fim de desmentir a informação de que teria afirmado que caso seu mandato fosse cassado levaria metade do Senado com ele. Delcidio disse que nunca proferiu tal afirmação.
Inocente quer saber – Qual será o próximo vereador a pular do barco do prefeito Geraldo Julio?