Numa noite de resgate e de reencontro da cidade com a sua própria história, com a reabertura, após duas décadas, do Cineteatro Samuel Campelo, nesta sexta-feira (18/12), em Jaboatão Centro, o prefeito Elias Gomes fez um emocionante discurso e extravasou toda a sua alegria com a entrega aos moradores de uma casa de espetáculos moderna, com equipamentos de última geração, que correu risco de fechar suas portas e virar uma igreja. “Este é um momento de resgate, de renascimento, da cidade que redescobre a cidade. Pra mim, é também um momento de emoção profunda, alegria e de grande alívio”, disse o gestor, carimbando o cumprimento de uma promessa que há anos vinha sendo cobrada.
Logo no início de um discurso recheado de lembranças e de luta e disposição para vencer desafios, o prefeito lembrou que esteve no Cineteatro em 2007, quando ainda nem havia disputado eleição na cidade, participando de um protesto contra a venda do prédio histórico para a Igreja Universal. “Vim aqui e encontrei alguns companheiros, entre eles o Edir Peres, e protestamos. Felizmente, o movimento de resistência cresceu e deu certo”, disse. Enfatizou não ter nada contra as igrejas, mas que não poderia permitir “um atentado que seria feito à Cultura”.
Seguindo a trilha das lembranças, e num misto de desabafo e prestação de contas de sua gestão, o prefeito lembrou que, ao assumir a Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes, em 2009, encontrou o Cineteatro Samuel Campelo totalmente destruído e o município sem autoestima, degradado, com as finanças devastadas, quase que beirando à calamidade pública. “A cidade ressentia, há décadas, de falta de rumo, direção. Vinha de um tempo onde o privado e o público se confundiam, sempre em favor do privado”, desabafou, citando a promessa feita, logo ao assumir, de devolver o Samuel Campelo aos jaboatanenses.
INVESTIMENTO PRÓPRIO – Acordando de uma mistura de “sonho e pesadelo”, conforme expressou, Elias Gomes citou o investimento feito no Samuel Campelo (R$ 7 milhões, sendo R$ 500 mil em convênio com o Ministério da Cultura e o restante de recursos próprios) e destacou sua importância para o renascimento de um equipamento cultural histórico e o fortalecimento da vida cultural não apenas do município, mas da Região Metropolitana e do Estado. Lembrou que não foi feita apenas uma reforma, mas sim a reconstrução do Cineteatro, pelas condições em que o prédio se encontrava, preservando-se a fachada original. Tudo com tecnologia de última geração.
O prefeito ainda destacou o perfil de Samuel Campelo – que nasceu em Escada e fez história no teatro a partir de Jaboatão – ; lembrou a divisão geográfica característica do município, com regiões diversas, cada uma com sua rica história e características próprias, como Jaboatão Centro, Cavaleiro, Curado, Prazeres, Muribeca e a área litorânea; citou outros desafios enfrentados e que também resultaram em investimentos de sua gestão em Jaboatão Centro (a instalação de escolas técnicas, de escola modelo do Senai e a restauração da histórica Biblioteca, que será entregue em janeiro), e disse buscar a equidade no desenvolvimento de todas as regionais, fortalecendo os principais aspectos de cada uma.
ELOGIO AOS CRÍTICOS – Sem esconder a alegria com o momento, Elias agradeceu também à imprensa, pelas cobranças seguidas em relação ao longo fechamento do Cineteatro, e disse que esse agradecimento é extensivo inclusive aos críticos. “Muitas vezes, alguns assessores chegarem a sugerir que rebatesse as críticas mais pesadas, que fosse para o embate, mas não acatei”, afirmou, ressaltando que a crítica, sincera, honesta e instigante, com fundamento, deve ser absorvida como positiva pelos gestores.
Por fim, disse que iria “cair no lugar comum” ao entregar o novo Samuel Campelo aos jaboatanenses, mas que não poderia ser diferente. “Sonho que se sonha junto é o Cineateatro Samuel Campelo reaberto”, declamou, fechando sua fala oficial e guardando as energias para a emocionante sessão de volta do Cineteatro, que teve entre as atrações o Coro Jaboatão Canta, o tenor Otávio Lira e o sanfoneiro Souza Filho, Orquestra Retratos e o Coral de Edgar Moraes, com participação especial de Getúlio Cavalcanti.