Paulo Câmara pisou na bola e pagou preço alto perante a sociedade
Eleito governador de Pernambuco no primeiro turno das eleições do ano passado, Paulo Câmara decidiu junto com o PSB apoiar a candidatura de Aécio Neves à presidência da República contra Dilma Rousseff. Isso tudo após a candidatura presidencial de Eduardo Campos que culminou na sua morte num acidente aéreo em agosto do ano passado.
Se Eduardo Campos quisesse apoiar o PT e a presidente Dilma Rousseff não teria rompido em 2013 com o Planalto para tentar um voo solo rumo ao Planalto. Seria muito mais cômodo continuar com uma aliança construida ainda em 1989 e tentar uma vaga ao Senado. A partir daquele momento, ficou evidente que Eduardo queria o PSB na oposição ao PT e a tudo o que representa a figura de Dilma Rousseff.
Passado o processo eleitoral, veio a “parceria” institucional entre o governo de Pernambuco e o governo federal, e a cada mês de 2015 ficou evidenciado um abandono do Planalto com o estado de Pernambuco. Fato este que já existia desde 2011, quando Pernambuco havia elegido Dilma em 2010 sob a prerrogativa de que uma vez eleita, Dilma manteria os investimentos de Lula em Pernambuco. Mas sem sombra de dúvidas, desde a ruptura de Eduardo com o PT que Pernambuco ficou a pão e água.
O governo Dilma Rousseff tem paralisado o país, e essa paralisia tem influenciado diretamente nos governos estaduais e municipais, haja vista que a receita tributária fica concentrada na união, necessitando de liberações junto aos ministérios para que as obras nos estados possam andar. No ano de 2015 estavam previstos cerca de R$ 2 bilhões através de convênios entre o governo de Pernambuco e o governo federal, mas até recentemente a União só liberou menos de R$ 200 milhões, uma quantia que não chega a 10% do previsto.
Isso sem contar com a autorização do ministério da Fazenda para que o governo de Pernambuco possa contrair empréstimos internacionais que dorme na gaveta do ministro Joaquim Levy e não tem a menor perspectiva de sair do papel por conta da paralisia que o governo Dilma submergiu o país. Os reflexos são muitos, o governador Paulo Câmara, assim como os seus colegas governadores, já sente na pele a rejeição da população porque não consegue tocar as obras como deveria por conta da escassez de recursos.
Como se não bastasse, a crise econômica que assola o país tem atingido diretamente as empresas, que estão produzindo menos, demitindo mais e consequentemente movimentando menos dinheiro. Isso tem como consequência direta a queda de arrecadação própria do estado, que depende do ICMS para viabilizar seu caixa.
Alheio a todos esses problemas, desconsiderando a esmagadora opinião popular, que em Pernambuco rejeita como nunca antes na história da política o governo Dilma e majoritariamente concorda com o impachment da presidente, o governador se dá ao luxo de subscrever um manifesto em defesa de Dilma Rousseff. Foi um erro de cálculo grotesco de Paulo Câmara, que poderia ter evitado se posicionar no caso do impeachment alegando que o tema é de competência do congresso nacional através de deputados e senadores e ele na condição de governador de Pernambuco tinha como única e exclusiva atribuição governar o seu estado. Faltou sensibilidade a Paulo Câmara que desde a última terça-feira tem arcado com um pesado ônus perante o povo pernambucano depois da posição que tomou.
Rodrigo Novaes – O deputado Rodrigo Novaes (PSD) subiu a tribuna da Alepe ontem para defender uma ampla discussão na Casa Joaquim Nabuco com a sociedade, com ex-governadores e com a bancada de deputados federais sobre a situação política do país e a opinião da Casa sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff para que esse posicionamento possa balizar os deputados federais pernambucanos que irão apreciar em breve o impedimento de Dilma.
Mozart Sales – Suplente de deputado federal e possível candidato do PT a prefeito do Recife no ano que vem, Mozart Sales ocupava a diretoria de inovação tecnológica da Hemobras até ontem quando uma operação da Polícia Federal foi deflagrada para investigar supostas irregularidades em licitações da estatal. Sales foi encaminhado na condição de testemunha para a Polícia Federal e teve seus celulares apreendidos para averiguação.
Reunião – Após passarem uma hora conversando reservadamente no Palácio do Planalto ontem, a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer não conseguiram chegar a um consenso nem minimizar o clima que ficou tenso após o vazamento da carta que Temer enviou a presidente na última segunda-feira. Tudo continua como já estava, Dilma e Temer seguem afastados.
Plano Temer – O ex-ministro Moreira Franco, aliado de Michel Temer, falou o seguinte sobre o que ele chama de Plano Temer: “O mérito do Plano Temer é identificar as medidas e reformas que o Brasil precisa fazer para sair da crise, retomar o crescimento e salvar as conquistas sociais das garras da inflação e da falta de recursos públicos. Por dizer a verdade, tem autoridade para propor soluções e capacidade de angariar apoios. Por não se esconder da realidade e nem procurar escondê-la do país, apresenta propostas corajosas e objetivas. Teve grande repercussão e ampla aceitação porque as pessoas entenderam que não é um projeto eleitoral, mas uma proposta para o Brasil sair da crise.”
RÁPIDAS
Controle – O presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB/RJ) demonstrou ontem mais uma vez que tem absoluto controle de tudo o que acontece na Casa ao ver sua tropa de choque não só adiar a votação do relatório do conselho de ética como também afastar o relator Fausto Pinato (PRB/SP), que defendia o seu afastamento do cargo.
Crescimento – O deputado federal Mendonça Filho (DEM) tem se consolidado politicamente na oposição ao governo Dilma Rousseff. Mendonça está sendo muito elogiado por sua postura combativa e inteligente como líder do Democratas na Câmara. Hoje todas as discussões do país passam também por ele.
Inocente quer saber – Heraldo Selva rompeu com Elias Gomes para ser candidato a prefeito de Jaboatão?