Dilma e Temer, uma relação pautada pela desconfiança chega ao fim
Desde a redemocratização quando numa eleição indireta o Congresso Nacional elegeu Tancredo Neves para a presidência da República e José Sarney para a vice-presidência, que ao longos dos anos o papel do vice-presidente se tornou cada vez mais relevante. Foi assim com Collor e Itamar, quando o primeiro sofreu impeachment Itamar Franco acabou herdando o cargo de presidente, no caso de Fernando Henrique Cardoso e Marco Maciel, o vice-presidente pernambucano deu uma aula de descrição e lealdade ao titular do cargo, ficando como referência para a história política brasileira a postura de Maciel.
No caso de Lula e José de Alencar havia uma relação de confiança entre ambos mas algumas divergências ideológicas. Alencar nunca deixou de se posicionar quando julgava pertinente sobre os rumos da política econômica adotada pelo presidente Lula. Mesmo assim, ao longo dos anos Lula respeitou Alencar e vice-versa.
Especificamente no tocante à relação Dilma Rousseff/Michel Temer, vale uma análise aprofundada sobre o início desta “parceria”. Quando Lula decidiu que Dilma Rousseff seria a candidata à sua sucessão, em meados de 2008, precisava fazer a então ministra-chefe da Casa Civil conhecida e para isso foi necessária uma aliança formal com o PMDB para garantir um robusto tempo de televisão ao projeto petista.
Na convergência do PT com o PMDB em torno de Dilma Rousseff, o então presidente da Câmara dos Deputados Michel Temer, que ocupara pela terceira vez o cargo, foi alçado ao posto de candidato a vice-presidente. A aliança entre Dilma e Temer foi muito mais pelo pragmatismo de vencer as eleições do que propriamente uma convergência ideológica. E essa aliança pragmática, mesmo vencendo a disputa, em nenhum momento significou uma aproximação entre a presidente e o vice.
No decorrer do governo, Dilma em nenhum momento se fez valer da relevância de Temer para o Congresso Nacional. No primeiro mandato ele foi uma mera figura decorativa por absoluta opção do Palácio do Planalto, que agiu diretamente para isolá-lo dentro do governo. Já no segundo mandato, com a crise se agravando, Dilma delegou a articulação politica ao vice-presidente, mas emissários do Planalto se encarregaram de minar qualquer decisão tomada por Michel Temer, que não é ingênuo, quando percebeu a sabotagem pulou fora.
A crise foi se agravando, com setores do Planalto apelidando o vice de “capitão do golpe”, e a relação entre Dilma e Temer foi azedando dia após dia, até o deflagramento do processo de impeachment que escancarou o distanciamento entre ambos, que já era conhecido pelos bastidores de Brasília. Agora Dilma quer que Temer seja leal a ela na eminência da sua queda. Depois de tudo o que foi feito pelo governo, fica evidente que solicitar lealdade de Temer a essa altura do campeonato, com o vice-presidente com sua mudança totalmente encaixotada do Palácio do Jaburu para o Palácio do Planalto, é pedir demais.
Força – Além do Jornal do Commercio, que divulgou pesquisa do IPMN sobre a prefeitura do Recife, o Diário de Pernambuco também veiculou uma pesquisa sobre a disputa pela PCR em 2016. O levantamento feito pelo Datamétrica aponta o prefeito Geraldo Julio disparado na frente, liquididando a fatura no primeiro turno em todos os cenários. Mesmo com a crise, Geraldo Julio se mostra extremamente competitivo para buscar a reeleição no ano que vem.
Vice – Começa a ganhar força a tese defendida por alguns de que o PSDB indicará a secretária Aline Mariano para o posto de vice-prefeita na chapa de reeleição de Geraldo Julio. Para que isso se concretize, o prefeito terá que descartar Luciano Siqueira da chapa e o PSDB sepultar de uma vez por todas a candidatura de Daniel Coelho, que já está com o bloco na rua.
Líder – Caso seja alçado ao posto de líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Daniel Coelho terá condições de neutralizar um pouco a distância da capital pernambucana. Politicos das mais variadas legendas avaliam que Daniel fez um péssimo negócio ao trocar a Alepe pela Câmara Federal. Se estivesse como deputado estadual o tucano estaria mais próximo das discussões sobre a disputa pela PCR em 2016.
Anderson Ferreira – Pré-candidato a prefeito de Jaboatão dos Guararapes, o presidente estadual do PR, deputado federal Anderson Ferreira, foi, ao lado do secretário dos Transportes Sebastião Oliveira, a estrela das inserções do partido que estão sendo veiculadas na televisão. Anderson aposta alto na sua candidatura a prefeito para tentar desbancar a hegemonia de Elias Gomes na segunda maior cidade de Pernambuco.
RÁPIDAS
Afastado – O presidente da Câmara do Recife, vereador Vicente André Gomes (PSB), tem se afastado bastante das bases, que cogitam apoiar outros candidatos em 2016. Vicente corre sério risco de repetir os feitos de Múcio Magalhães e Josenildo Sinésio, que após ocuparem a presidência do legislativo municipal, acabaram não conseguindo a reeleição.
Protesto – O Movimento Vem Pra Rua está fazendo uma convocatória para a realização de uma manifestação a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em várias partes do País, no próximo domingo (13). No Recife, o ato será no Marco Zero, às 10h.
Inocente quer saber – A carta de Michel Temer seria o começo do fim do governo Dilma Rousseff?