No texto, publicado na edição desta segunda-feira (21) do jornal paulista, prefeito analisa o agravamento da crise e defende o entendimento entre as forças políticas para uma solução negociada
Em artigo publicado na edição desta segunda-feira (21) do jornal Folha de S. Paulo, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, vice-presidente estadual do PSDB, propõe um entendimento entre as principais forças políticas como solução para a crise que atinge o País, que passaria por um governo de união nacional e a implantação do parlamentarismo. O gestor alerta que os prejuízos que podem resultar de uma crise não resolvida são “imensuráveis” e que, em vez de assistir ao governo Dilma Rousseff sangrar cada vez mais, as oposições devem buscar uma solução negociada.
“Não se deve temer essa discussão. O agravamento da crise nacional precisa ser tratado com ideias novas e com disposição para se buscar um modelo novo, que afaste a tônica do ‘arranjo político’ em meio ao Congresso Nacional também desgastado”, argumenta Elias Gomes, indagando se este não seria o momento para se discutir o pós-Dilma com um programa mínimo de consenso e a mudança para o sistema parlamentarista.
“Com o parlamentarismo, uma crise política não se arrastaria por tanto tempo. O voto de desconfiança, ou moção de censura, é uma das características mais importantes desse sistema, que, na atual situação, teria que vir acompanhado de uma gestão de conciliação nacional. Ele traria um plano de consenso no qual seriam incluídos pontos como uma redução considerável dos cargos comissionados e do número de ministérios e a garantia da meritocracia nos vários níveis de gestão”, sugere.
Ainda em sua argumentação, o prefeito defende que um governo de união nacional incluiria “um projeto econômico exequível, com um ministro da Fazenda com total credibilidade e autoridade para dialogar com os diferentes agentes públicos e privados, como foram Pedro Malan e Fernando Henrique Cardoso”. Elogia também o perfil de Antonio Palocci ou Mario Henrique Simonsen, em sua avaliação nomes que foram capazes de impor segurança e autoridade, em contraponto ao de “um tecnocrata, como o atual ministro, Joaquim Levy, que não passa de uma indicação de um banqueiro”.
Ressaltando que momentos de crise exigem ideias e que “ficar parado, esperando o bonde passar, pode representar um risco muito grande”, Elias lembra que, antes mesmo da posse da presidente Dilma Rousseff para o segundo mandato, em janeiro, vem alertando para a necessidade de se buscar um entendimento nacional, diante do risco de aprofundamento da crise. Depois, em março, chegou a enviar uma carta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, ao também senador José Serra e ao líder do PT no Senado, Humberto Costa, defendendo o entendimento com um programa mínimo de consenso como solução para a crise.
“É difícil – ou mesmo impossível – que isso seja alcançado, pois seria preciso uma mudança constitucional? Se ficarmos presos às convenções de uma ‘normalidade’ de pensamento que não leva a lugar algum, apenas uma coisa é certa: o agravamento ainda maior da crise. Pensar num caminho de consenso, com o parlamentarismo e um primeiro-ministro de perfil irretocável, com bom trânsito em todas as esferas e respeitabilidade inquestionável, pode ser a alternativa para um recomeço”, conclui o prefeito no artigo intitulado “Parlamentarismo e união nacional”.