Em evento que debateu o setor, Rui Gomes propôs ações estratégicas para descentralizar conectividade e atrair investimentos
O Nordeste está prestes a se consolidar como um dos principais polos de infraestrutura digital do Brasil, mas para que esse potencial se concretize, é necessário um esforço conjunto entre governos, setor privado e instituições financeiras. A avaliação é de Rui Gomes, CEO da Um Telecom, que tem sido um dos principais defensores da descentralização e ampliação da conectividade digital na Região. As ideias foram apresentadas no evento Análise Ceplan, realizado pela Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan), que debateu os principais fatores e desafios da infraestrutura do Nordeste, na tarde dessa quarta-feira (27), no Recife.
Durante um painel que tratou exclusivamente da infraestrutura digital, Gomes destacou a importância da ampliação de políticas públicas que busquem o fortalecimento e descentralização do serviço. “O Nordeste concentra 25% da população brasileira, mas possui apenas 5% dos data centers do país. Essa desigualdade precisa ser enfrentada com medidas que fomentem a descentralização, atraiam investimentos e desenvolvam redes de conectividade de alta performance”, afirmou o executivo.
O executivo destacou o risco de depender de poucas cidades para a conectividade nacional. Atualmente, Fortaleza, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro concentram todos os cabos submarinos que conectam o Brasil ao restante do mundo. Segundo Gomes, essa concentração expõe o país a vulnerabilidades. “Se houver um problema em Fortaleza, grande parte da internet no Brasil pode ser comprometida. Precisamos descentralizar essa infraestrutura e colocar estados como Pernambuco no mapa estratégico da conectividade global”, declarou.
Fortaleza, com seus 17 cabos submarinos e iniciativas como o Cinturão Digital, é um exemplo de como políticas públicas bem estruturadas podem transformar a realidade de uma região. Gomes sugere que Pernambuco adote estratégias semelhantes, aproveitando sua posição geográfica privilegiada e infraestrutura já existente, como o Porto Digital, que é um polo de inovação reconhecido internacionalmente.
ATUAÇÃO DO GOVERNO – Uma das ideias apresentadas por Rui Gomes é a criação de uma secretaria específica para tratar de infraestrutura digital nos Estados nordestinos. Essa secretaria teria como missão coordenar iniciativas de implantação de cabos submarinos, expansão de redes de fibra óptica e atração de grandes players do setor. “Estamos falando de um mercado que vai crescer exponencialmente nos próximos anos. O consumo de energia por data centers no mundo já equivale a 80% do que o Brasil consome e deve dobrar até 2026. Se queremos nos posicionar como protagonistas nesse cenário, precisamos de um planejamento estratégico e de um órgão dedicado a impulsionar esse desenvolvimento”, explicou Gomes.
A Um Telecom, que opera uma rede de 22 mil quilômetros de fibra óptica interligando Estados do Maranhão à Bahia, está avançando na construção de um data center Tier 3 em Pernambuco. O empreendimento, financiado com apoio do BNDES, será um marco na infraestrutura digital do Estado e atender à crescente demanda de grandes corporações, startups e serviços que dependem de alta capacidade de processamento de dados.
“O mundo está se digitalizando rapidamente, e o Nordeste pode liderar essa transformação no Brasil. Temos vantagens competitivas como energia renovável abundante, localização estratégica e custo operacional reduzido. Mas para aproveitar essas oportunidades, precisamos de políticas públicas que estimulem a chegada de novos cabos submarinos, a expansão da conectividade ao interior e a implantação de data centers regionais”, pontuou Gomes. Outro ponto levantado pelo executivo foi a importância do financiamento público para viabilizar projetos de grande escala, principalmente com a participação de bancos regionais, como o Banco do Nordeste.
O avanço da inteligência artificial (IA) também foi apontado como um dos principais motores da demanda por infraestrutura digital. “O treinamento de modelos de IA exige uma estrutura massiva de processamento de dados, e o Nordeste tem potencial para se tornar uma referência global nesse setor. No entanto, isso só será possível com investimento em conectividade, energia e políticas públicas que atraiam grandes empresas de tecnologia para a região”, afirmou.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL – A iniciativa da Um Telecom em construir um data center Tier III é um exemplo de como a infraestrutura digital pode transformar a economia de uma região. Ao conectar municípios, criar ecossistemas digitais e atrair investimentos, a empresa reforça seu papel como uma das líderes na modernização do Nordeste. “O que estamos construindo vai além da conectividade. Estamos criando as bases para um ecossistema que torne o Nordeste competitivo em escala global. Nosso compromisso é com o desenvolvimento da região e com a geração de oportunidades para todos os nordestinos”, finalizou o CEO da Um Telecom.
Deixe um comentário