No dia 18, teremos as eleições da seccional e de todas as subseccionais da OAB em Pernambuco, e o sentimento é de uma eleição morna, fria e sem proposições concretas de projetos e programas de gestão, ficando cada vez mais restrita a memes, vídeos e montagens para mensagens de WhatsApp e redes sociais.
Refletindo sobre as três chapas apresentadas, noto vários pontos a serem destacados. Dentre eles, a chapa do interior, do corajoso Fernando Jr., que surpreendeu ao realizar sua inscrição, mas vem em queda vertiginosa por ausência de capilaridade eleitoral e por falta de um trabalho mais eficiente de apresentação na Região Metropolitana do Recife e, em especial, no Recife. Entretanto, ainda há tempo suficiente para que Fernando Jr. busque um maior protagonismo e, quem sabe, saia da eleição com números que o credenciem a finalmente falar mais alto.
Nem o apoio do ex-presidente da OAB e líder político Pedro Henrique Reinaldo conseguiu dar o “salto triplo carpado” necessário, e a dúvida se a chapa é um alicerce da outra chapa oposicionista confunde e atrapalha, remanescendo a sensação de que o desejo foi firmar posição, tentar derrubar os até então aliados da situação e focar nas eleições da subseccional Caruaru, onde enfrenta o seu criador e verdadeiro responsável pelas suas vitórias, Felipe Sampaio, a quem, desde já, registro minha torcida.
Almir Reis, que tenho na melhor conta pessoal, não me convenceu a tomar partido no campo político. Mesmo enxergando seu destemor e ímpeto de alçar sucesso nesse projeto de presidir a OAB, observo, sem subestimar sua capacidade eleitoral como fiz em 2021, uma campanha diferente da primeira derrota. Almir apresentou uma chapa de composição estranha, com os nomes e apoiadores de primeira hora no conselho seccional em detrimento de ilustres desconhecidos no conselho federal, sugerindo candidaturas fictícias suscetíveis a substituição ou de representação de escritórios fora do Estado.
Chega a sugerir ser um projeto pessoal de poder. Promessas que nunca serão cumpridas por total inviabilidade, seja de ordem financeira ou mesmo de competência e pertinência, nomes “escondidos” na chapa, repetição do presidente e vice derrotados na última eleição. Isso não é renovação, infelizmente.
A oposição, algo mais que necessário no campo da política e que exerce papel fundamental quando séria, não pode ser escudo para quem teve seus pedidos negados na situação.
Chama a atenção que a campanha de 2024 seja menor que a de 2021, considerando que são quatro anos de campanha ininterrupta dele, dedicado ao projeto, sem, contudo, parecer crescer. Importante lembrar que a judicialização promovida por Almir Reis das eleições de 2021 em absolutamente nada contribuiu, senão para desgastar a própria imagem em detrimento da soberania das urnas e da vontade da advocacia pernambucana.
Continuo observando que Almir apresenta propostas inconsistentes e eleitoreiras, sem qualquer justa fundamentação financeira, atraindo artifícios de campanhas políticas tradicionais e tratando a advocacia como vemos ser tratados os eleitores médios, com oferta de pão e circo. Vejo sua campanha menor que a de 2021, com menos volume e sem a empolgação de outrora, sem a alegria que incomodava. Atrelar sua campanha às eleições do Quinto Constitucional da OAB (TJPE) — afinal, escolher quatro ou seis dos 24 candidatos e candidatas é um ato político estranho.
No campo da situação, o qual integro e sei que jamais receberão este texto com imparcialidade — paciência — observamos cisões e dissabores naturais de quem deseja ser contemplado e simplesmente se vê ignorado ou desprestigiado. Eu mesmo poderia me sentir assim, mas não carrego essa pecha porque busco amadurecer as nuances da política e do momento. Quando vejo Pedro Silveira e Carlos Barros indicados para a CAAPE e ESA, me sinto mais que representado. Ao observar o número de líderes e ex-presidentes imbuídos na eleição de Ingrid Zanella, percebo que a voz da experiência indica algo com robustez. Ver Júlio Oliveira conosco é um bálsamo para este articulista, que dedica a ele o ingresso na política da OAB, apesar de termos caminhado em lados opostos nas últimas eleições, e isso é mais do que alvissareiro, ao menos para mim.
Nesta eleição, a situação se renova e com experiência prova que a eleição não é apenas de Ingrid defendendo o grupo situacionista como foram todos os candidatos nas eleições passadas, mas sim a defesa do verdadeiro protagonismo feminino e inserção de uma mulher na presidência da OAB em Pernambuco, algo que será inédito.
Ingrid traz consigo uma experiência significativa no sistema OAB e o amadurecimento de conhecer de perto todas as subseccionais, permitindo ampliar o que já vem sendo sucesso e corrigir os rumos onde encontramos críticas. Apresentou de forma inédita a anuidade zero para a jovem advocacia, buscando demonstrar o compromisso da OAB com os primeiros anos de todos os novos advogados e advogadas — proposta copiada com anúncio estranho de revisão geral das anuidades, sem que haja permissão nas normas afetas ao tema.
Ingrid traz consigo perfis aos quais presto homenagem, como a professora renomada e reconhecida Schamkypou Bezerra na vice-presidência, uma diretoria experiente e uma renovação dos quadros do conselho seccional e federal que, por si, justifica o nome da sua chapa: renovação com experiência.
É isso, falta pouco, falta uma semana para darmos um grande passo para a advocacia pernambucana não retroceder.
Nessa reta final, temos a perspectiva de um debate, temos um feriadão e, mais do que isso tudo, temos a oportunidade de melhor conhecermos as chapas, as pessoas que as integram, as propostas e entendermos o que desejamos para o futuro da OAB em Pernambuco, sem nos deixarmos levar por desinformações (fake news) e provocações nas redes sociais.
Este ano, as eleições serão híbridas, com a expectativa de predominar a modalidade on-line, retirando os dissabores e o estresse do trânsito e do corpo a corpo que, há muitas eleições, deixou de ser algo festivo para ser palco de provocações e constrangimentos entre colegas. E isso ainda irá permitir uma maior liberdade na hora da escolha.
Dia 18, voto 100 para eleger a primeira mulher presidente da OAB/PE por merecimento, competência e por me sentir representado.
Delmiro Campos, advogado há 20 anos
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