Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Cientista Político. www.cenariointeligencia.com.br
Desde junho de 2013, manifestações ocorrem no Brasil e incentivam diversas interpretações quanto às razões e consequências delas. As manifestações de junho de 2013 foram motivadas pelo aumento do valor das passagens de ônibus na cidade de São Paulo. A repercussão delas através das redes sociais possibilitou manifestações em diversas cidades.
De acordo com institutos de pesquisas, os manifestantes de junho de 2013 tinham, majoritariamente, nível superior e pertenciam às classes A e B. As reclamações dessas manifestações foram variadas, dentre as quais: melhoria do transporte público e combate à corrupção. Após junho de 2013, novas manifestações ocorreram. Porém, as práticas de violência contidas nelas as esvaziaram e permitiram que elas não fossem aprovadas majoritariamente pela opinião pública. Black blocs lideraram estas manifestações.
A Copa do Mundo, os ativistas Black bloc e a eleição presidencial de 2014 impediram o surgimento de novas manifestações. Após a eleição presidencial, novas manifestações ocorreram no ano de 2015. O perfil socioeconômico delas foi semelhante às de junho de 2013. Porém, os reclamantes mudaram a pauta. Corrupção e a defesa do impedimento da presidente Dilma Rousseff foram as pautas principais. Destaco que em 2013, os manifestantes não reclamavam intensamente de um ator político específico. As manifestações de 2015 reclamam.
Em todas as manifestações ocorridas desde 2013, os participantes não escolheram líderes. Em particular, líderes membros da classe política. A ausência de líderes compromete a efetividade das manifestações entre as instituições e enfraquece a possibilidade do impedimento da presidente Dilma Rousseff. Quando não existem líderes, os objetivos das manifestações tendem a não ser exequíveis, porque nenhum ator político com expressão e respeitabilidade dar continuidade a eles.
Além da ausência de lideres, é estranho não observamos a presença maciça de indivíduos pertencentes às classes C e D nas manifestações. Por que tais indivíduos não se transformam em manifestantes? Esta indagação, entretanto, não retira de modo algum a importância das manifestações. Como não sugere que são apenas os eleitores das classes A e B que estão insatisfeitos com a presidente Dilma Rousseff.
Como serão as manifestações do dia 16 de agosto? Certamente, manterá o perfil socioeconômico das anteriores. Porém, existe uma pergunta fundamental: em razão da reprovação majoritária da presidente Dilma Rousseff e do aumento dos índices de inflação e desemprego, as manifestações de domingo atrairão fortemente indivíduos das classes C e D? Em virtude do desgaste da classe política, desconfio que não surja nenhum novo líder político nessas novas manifestações. Portanto, Eduardo Cunha e TCU são os atores principais e estratégicos que podem conduzir o impedimento da presidente Dilma.