Estudo conduzido pelo governo federal prevê aumento no imposto de importação de folhas de aço. Medida pode comprometer a indústria nacional do setor e, consequentemente, o emprego e o poder de compra do brasileiro
Em encontro articulado pelo deputado estadual licenciado Antonio Coelho, o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto, recebeu Ítalo Renda, empresário do setor de latas de aço e membro da Associação Brasileira de Embalagens de Aço (ABEAÇO). A reunião, ocorrida na manhã desta terça-feira (13), também foi acompanhada por um grupo suprapartidário de deputados, formado pelos parlamentares Édson Vieira, Henrique Queiroz e Diogo Moraes. A conversa esteve pautada no iminente impacto econômico negativo, em Pernambuco e no Brasil, diante das considerações do Governo Federal em elevar o imposto de importação de folhas metálicas do aço. A medida pode prejudicar o emprego de milhares de pernambucanos e comprometer a renda do povo brasileiro.
As folhas metálicas do aço são o insumo essencial para a fabricação de embalagens metálicas, utilizadas em centenas da produtos alimentícios consumidos frequentemente pela população brasileira; muitos deles, inclusive, pertencentes à cesta básica, a exemplo do leite em pó e dos vegetais em conserva (milho, ervilha, entre outros). A elevação da tarifa do imposto de importação, estimada em 44%, de acordo com as entidades do setor, vai ocasionar um aumento significativo nos custos de produção e, consequentemente, no preço dos alimentos. Produtos como tintas, vernizes e outros materiais da construção civil, tradicionalmente embalados em latas de aço, também podem ficar mais caros.
A retração no emprego e na renda é outro ponto apontado pela ABEAÇO como desfavorável a partir da adoção das medidas protecionistas em estudo pela União. Em Pernambuco, por exemplo, as empresas do setor são responsáveis pela geração de 3.500 empregos, diretos e indiretos, e contribuem com mais de R$ 250 milhões em impostos por ano. No Brasil, essa indústria emprega mais de 25 mil pessoas, espalhadas por 8 estados e 26 municípios. De acordo com a associação, um setor formado, majoritariamente, de empresas familiares, nacionais e regionais, algumas delas com mais de 100 anos de existência.
“Precisamos consolidar um posicionamento contrário a essas medidas protecionistas sob discussão no âmbito do governo federal. O poder de compra do povo brasileiro está em jogo com essas tarifas que podem acarretar o aumento da inflação, principalmente no setor de alimentos. Também defendemos a competitividade das empresas produtoras de latas de aço no estado de Pernambuco, responsáveis pela geração de mais de 3.500 empregos”, destacou Antonio Coelho.
Enquanto representante do Poder Legislativo estadual, o presidente Álvaro Porto se comprometeu a assinar o manifesto apresentado pelo ABEAÇO contrário a essas medidas. Em seguida, a Casa Joaquim Nabuco deverá promover um debate para consolidar seu posicionamento de apoio aos empregos gerados por esse setor em Pernambuco.
“A Alepe está engajada na mobilização encabeçada pela ABEAÇO sobre os impactos negativos que a elevação do Imposto de Importação de folhas metálicas de aço vai acarretar sobre a indústria e o consumidor. Alimentos que fazem parte da cesta básica, a exemplo de sardinha, vegetais e leite em pó, terão os preços elevados. Com o impacto sobre o consumo, a indústria somará prejuízos, o que pode comprometer o emprego e a renda de milhares de trabalhadores pernambucanos. A Casa, portanto, subscreve o manifesto da ABEAÇO e endossa o alerta sobre os prejuízos que a medida trará”, afirmou Porto.
“Defender as empresas regionais é defender emprego e renda para as famílias de Pernambuco. As indústrias de embalagens de aço vêm enfrentando muitos desafios para se manterem ativas. Realizamos investimentos. Enfrentamos a concorrência de outros materiais mais baratos e agressivos ao meio ambiente. O entendimento do deputado Antonio Coelho e a participação da Assembleia Legislativa na defesa da indústria nacional e regional fortalecem os vínculos daqueles que entendem que um Brasil justo só surge com a defesa das indústrias nacionais espalhadas pelo Brasil”, assinalou Ítalo Renda, da ABEAÇO.
Além dos impactos financeiros e sociais, de acordo com a ABEAÇO, a elevação do imposto de importação não vai proteger a indústria brasileira, uma vez que uma única empresa é responsável pela produção dessa matéria-prima (folhas metálicas). A Associação argumenta, ainda, que as folhas de aço representam pouco para a siderurgia nacional, “e muito para a indústria brasileira fabricante de latas”.
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