Por Maurício Romão
O Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), em parceria com o portal LeiaJá e o Jornal do Commercio, realizou mais uma rodada – a quinta – de pesquisa de intenções de voto para prefeito do Recife, desta vez com trabalho de campo levado a efeito entre os dias 11 e 12 deste mês de junho. O levantamento tem margem de erro de 3,5 pontos de percentagem, para mais ou para menos, um nível de confiança de 95%, e aplicou 818 questionários.
Os cenários da presente pesquisa incorporam a decisão do PT de lançar o senador Humberto Costa como candidato da sigla na eleição deste ano em substituição ao prefeito João da Costa.
Os cenários
TABELA 1 IPMN PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS P/ PREFEITO DO RECIFE CENÁRIO GERAL (11 e 12 de jun/2012) |
|
Candidatos |
(%) |
Humberto Costa |
35 |
Mendonça Filho |
17 |
Daniel Coelho |
5 |
Raul Henry |
4 |
Armando Monteiro |
3 |
Raul Jungmann |
2 |
Paulo Rubem |
2 |
Outros |
0 |
B/N/NS/NR |
33 |
Fonte: elaboração própria (pesquisa do IPMN)
No cenário 1, constante da Tabela 1, Humberto Costa aparece como representante do PT e se listam como concorrentes vários potenciais pré-candidatos. O senador aparece na liderança com expressivos 35% de intenções de voto, seguido do deputado federal Mendonça Filho com 17%. Os demais pré-candidatos mostrados na tabela formam um pelotão que se situa bem abaixo das duas candidaturas líderes, em termos de intenção de votos.
A Tabela 2 mostra o segundo cenário de intenção de votos estimulada[1], elaborado a partir da pesquisa IPMN, em que o senador Humberto Costa continua como pré-candidato do PT e o senador Armando Monteiro aparece como alternativa à dualidade oposição-situação.
TABELA 2 IPMN PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS P/ PREFEITO DO RECIFE CENÁRIO II (11 e 12 de jun/2012) |
|
Candidatos |
(%) |
Humberto Costa |
37 |
Mendonça Filho |
15 |
Daniel Coelho |
5 |
Raul Henry |
4 |
Armando Monteiro |
3 |
Raul Jungmann |
2 |
B/N/NS/NR |
35 |
Fonte: elaboração própria (pesquisa do IPMN)
Neste cenário o pré-candidato petista aparece também liderando a pesquisa em intenção de votos, com 37%, secundado, mais uma vez, pelo ex-governador federal Mendonça Filho, que pontua 15%. Em terceiro lugar vem o pré-candidato tucano Daniel Coelho com 5%. O deputado federal Raul Henry registra 4%, o senador Armando Monteiro Neto registra 3% e Raul Jungmann soma apenas 2%.
No cenário III, quando o senador Armando Monteiro é substituído pelo também petebista Sílvio Costa Filho, o quadro geral de votação praticamente não se altera. O líder Humberto Costa registra um ponto de percentagem a menos que o obtido no cenário anterior e Mendonça Filho sobe dois pontos. Sílvio Costa Filho não pontua e os demais candidatos, todos da oposição, não sofrem alteração nas respectivas intenções de voto.
TABELA 3 IPMN PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS P/ PREFEITO DO RECIFE CENÁRIO III (11 e 12 de jun/2012) |
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Candidatos |
(%) |
Humberto Costa |
36 |
Mendonça Filho |
17 |
Daniel Coelho |
5 |
Raul Henry |
4 |
Raul Jungmann |
2 |
Sílvio Costa Fº |
0 |
B/N/NS/NR |
35 |
Fonte: elaboração própria (pesquisa do IPMN)
Quando a pré-candidatura petista é confrontada apenas com o grupo de oposicionistas – formado por Mendonça Filho, Daniel Coelho, Raul Henry e Raul Jungmann – o senador Humberto Costa permanece na liderança, sempre seguido do deputado Mendonça Filho. As intenções de voto do petista são exatamente o dobro da do oponente democrata (36% a 18%). As demais postulações da oposição não têm alterações relativamente aos cenários anteriores.
TABELA 4 IPMN PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS P/ PREFEITO DO RECIFE CENÁRIO IV (11 e 12 de jun/2012) |
|
Candidatos |
(%) |
Humberto Costa |
36 |
Mendonça Filho |
18 |
Daniel Coelho |
5 |
Raul Henry |
4 |
Raul Jungmann |
2 |
B/N/NS/NR |
35 |
Fonte: elaboração própria (pesquisa do IPMN)
É possível que a intensa exposição na mídia de Humberto Costa, por conta da decisão petista de realizar prévias para indicação do seu candidato a prefeito, e a posterior indicação do senador como pré-candidato, haja trazido benefícios à postulação situacionista, em termos de intenção de votos.
Entretanto, é bom ter presente que o PT é um partido muito forte e admirado no Recife, a ponto de 53% dos eleitores dizerem que o partido merece continuar à frente da prefeitura independentemente do candidato que o represente, conforme detectado nesta pesquisa de junho do IPMN.
Deve-se considerar, também, que o eleitor de João da Costa, possivelmente mais eleitor do PT do que do próprio, haja migrado em grande quantidade para a nova opção situacionista. As intenções de voto do prefeito representam, em média, cerca de 21% nas pesquisas IPMN.
Relativamente à pesquisa de abril, a categoria de votos brancos, nulos e indecisos caiu de 8 a 10 pontos de percentagem. Como o total de votos da oposição diminuiu e as candidaturas “alternativas” não se destacaram, tais percentuais foram apropriados pelo representante petista, em termos de intenção de votos.
É digno de nota o fato de que o ex-governador Mendonça Filho tem mostrado ser detentor da simpatia de uma razoável parcela do eleitorado, qualquer que seja a pesquisa e o instituto que a realize. Por isso não é surpresa postar-se sempre entre os dois primeiros lugares nos levantamentos que são dados a conhecimento público, como é o caso deste de junho, do IPMN.
Note-se que em todos os quatro cenários a soma das intenções de voto dos postulantes não petistas é menor que a pontuação do senador Humberto Costa. Nestas circunstâncias, se a eleição fosse hoje, ela estaria decidida no primeiro turno, com o representante do PT tendo mais de 50% dos votos válidos.
Os votos em branco, nulos e indecisos
Chama à atenção nas Tabelas 1, 2, 3 e 4 o ainda grande contingente de eleitores que não se decidiu por nenhuma das pré-candidaturas aventadas ou manifestou intenção de votar em branco ou anular o voto. Esse contingente está englobado na categoria de voto branco, nulo, não sabe, não respondeu. Na média dos cenários das tabelas em apreço, esse conjunto representa 34% dos eleitores, o que é um número bastante elevado.
Mas isso é compreensível em virtude da distância de tempo que ainda falta para a realização do pleito. Tal alheamento eleitoral está espelhado no fato de que, no momento presente, apenas 22% dos eleitores pesquisados pelo IPMN agora em junho se dizem muito interessados nesta eleição. Os demais ou estão pouco interessados (41%), ou são indiferentes (11%) ou, simplesmente, não se interessam (26%) pela eleição deste ano.
De fato, quanto mais distante do pleito, mais os eleitores se mostram reticentes em manifestar preferência por este ou aquele candidato, optando por declarar que vai votar em branco, anular o voto ou, apenas, que não sabe em quem vai votar. Na fase atual, as candidaturas ainda não estão consolidadas, os arcos de apoiamento não foram formados, as pré-campanhas não ganharam as ruas, as alianças proporcionais ainda não se formalizaram, etc., etc.
À medida que o processo eleitoral vai avançando, os eleitores vão conhecendo melhor os nomes postos em disputa, começam a se envolver mais no processo político-eleitoral, passam a inclinar-se por determinadas candidaturas e, finalmente, fazem suas escolhas, diminuindo drasticamente os percentuais de votos brancos e nulos e de indecisos.
O voto espontâneo
Quando o eleitor é instado a manifestar-se espontaneamente[2] sobre em quem votaria para prefeito, se a eleição fosse hoje, o nome que se destaca é o do senador Humberto Costa, com 30% de intenção de votos, seguido por Mendonça Filho com 12%. Os números dessa modalidade podem ser vislumbrados na Tabela 5.
É oportuno realçar que, relativamente às pesquisas de dezembro, janeiro, março e abril, as intenções de voto espontâneas para João Paulo vem em trajetória declinante, caindo um ponto de percentagem de dezembro para janeiro (de 33% para 32%), descendo mais três pontos de percentagem de janeiro para março (de 32% para 29%), mais quatro pontos de março a abril (de 29% para 25%) e, finalmente, vinte e três pontos, de abril para junho (de 25% para 2%). Essa tendência denota que os eleitores têm a percepção, cada vez mais nítida, de que João Paulo não é candidato a prefeito.
TABELA 5 IPMN PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS (%) P/ PREFEITO DO RECIFE MODALIDADE ESPONTÂNEA (11 e 12 de jun/2012) |
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Menções |
(%) |
Humberto Costa |
30 |
Mendonça Filho |
12 |
João da Costa |
6 |
Daniel Coelho |
4 |
Raul Henry |
3 |
João Paulo |
2 |
Armando Monteiro |
1 |
Outros |
3 |
B/N/NS/NR |
40 |
Fonte: elaboração própria (pesquisa do IPMN)
As lembranças espontâneas do nome de Mendonça Filho haviam ficado estagnadas entre dezembro e janeiro (registrando 4%), cresceram quatro pontos (de 4% para 8%) entre janeiro e março, decresceram um ponto entre março e abril (de 8% para 7%) e, agora, evoluem positivamente de 7% em abril para 12% em junho. O deputado, que se posta sempre em segundo lugar nos cenários de intenção de votos estimulada, nesta pesquisa IPMN de junho, consolida também seu nome na segunda colocação, quando se aferem as manifestações espontâneas de voto. Já o nome de João da Costa foi lembrado espontaneamente por 11% dos eleitores em dezembro, por 8% em janeiro, por 12% em março e abril e, agora em junho por apenas 6%.
Os sentimentos do eleitor
A primeira pesquisa de intenção de votos do IPMN, relativa à eleição de 2012 para prefeito do Recife, foi levada a efeito entre os dias 13 e 14 do mês de dezembro passado, sob encomenda do portal LeiaJá. Posteriormente, já no âmbito da parceria IPMN/LeiaJá/Jornal do Commercio, nos dias 16 e 17 do mês de janeiro fez-se uma segunda rodada de pesquisa e em março, uma terceira, entre os dias 12 e 13. O quarto levantamento, o de abril, ocorreu no período de 16 e 17. A enquete deste mês de junho foi a campo entre os dias 11 e 12. Os cinco levantamentos tiveram as mesmas concepções estatísticas e características metodológicas.
Além da convencional intenção de votos, as pesquisas do IPMN captam, também, alguns sentimentos dos eleitores quanto ao ambiente político-eleitoral que permeia a corrida para a prefeitura do Recife. Dentre essas impressões mentais dos eleitores, foram selecionadas, neste texto, para breves comentários, a avaliação da presente administração, as manifestações de admiração nutridas em relação ao prefeito e, por último, as revelações explicitadas de apreço ou aprovação e de sensação de melhoria de vida. Nestes itens mencionados, o prefeito João da Costa tem números muito desfavoráveis.
- 1. Avaliação da Administração
Com efeito, a avaliação da administração municipal só é considerada ótima e boa por apenas 17% dos eleitores, enquanto, apenas à guisa de comparação, o percentual do governo Eduardo Campos nesses itens chega a 72%, conforme se pode observar na Tabela 6.
Chama à atenção, também, a avaliação negativa da atual gestão municipal à frente da cidade: 46% dos eleitores ainda a consideram ruim ou péssima, contra apenas 4% que são atribuídos à administração estadual (os números das últimas duas linhas da tabela referem-se à soma dos conceitos ótimo e bom, num extremo, e ruim e péssimo, noutro).
Após registrar, simultaneamente, aumento de avaliação negativa (de 46% para 52%) e diminuição de avaliação positiva (de 21% para 17%), entre os meses de dezembro e janeiro, e coerente com o esforço de recuperação administrativa empreendido pelo atual prefeito nos últimos meses, a par de tentativa de maior articulação política, houve uma clara melhora de percepção dos eleitores quanto à gestão do município entre os meses de janeiro e março: os índices de ótimo e bom sobem de 17% para 25% (fora da margem de erro), e as avaliações negativas de ruim e péssimo, decrescem de 52% para 45% (no limite da margem de erro). Podia-se dizer que, estatisticamente, a população tinha aumentado sua apreciação positiva à gestão do prefeito naquele período.
TABELA 6 IPMN PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS (%) P/ PREFEITO DO RECIFE AVALIAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO (11 e 12 de jun/2012) |
|||
Prefeitura (João da Costa) |
Governo (Eduardo Campos) |
||
Ótima |
3 |
21 |
|
Boa |
14 |
51 |
|
Regular |
36 |
21 |
|
Ruim |
20 |
2 |
|
Péssima |
26 |
2 |
|
NS/NR |
2 |
2 |
|
Ótima e Boa |
17 |
72 |
|
Ruim e Péssima |
46 |
4 |
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa IPMN
Entretanto, contrariando algumas expectativas, até porque não houve nenhuma anormalidade na gestão municipal àquela época que merecesse destaque a ponto de influenciar a opinião pública recifense, a avaliação negativa que os eleitores fazem da administração do prefeito voltou a subir entre março e abril, não obstante com números dentro da margem de erro de 3,5 pontos de percentagem, para mais ou para menos.
Já entre abril e junho, os números de avaliação positiva descem quatro pontos e há uma discreta melhora na percepção negativa que os eleitores têm da administração municipal. Vista numa perspectiva do período total de seis meses, a avaliação negativa da administração de João da Costa praticamente não se altera e a positiva decai quatro pontos de percentagem. O Gráfico 1 retrata a evolução das avaliações positiva e negativa que o munícipe faz da gestão de João da Costa.
- 2. Admiração
Quando se inquire o eleitor sobre sua faculdade de sentir admiração pelo atual gestor do município recifense, os números são também contundentemente desvantajosos para João da Costa: 84% dizem que não o admiram, contra apenas 14% dos que lhe devotam admiração.
Esses números de junho, captados na pesquisa IPMN, estão mostrados no Gráfico 2, onde também se desfilam os percentuais dos levantamentos de dezembro, janeiro, março e abril. Depreende-se deste quesito – admiração – que a imagem do prefeito, envolvendo atributos pessoais, políticos e administrativos, continua muito desgastada junto à população.
Vista sob a ótica de todo o período pesquisado, dezembro a junho, a evolução das manifestações por parte dos eleitores de não admiração ao prefeito cresce dez pontos de percentagem e as atribuições positivas de admiração decaem cinco postos. Uma trajetória extremamente deslustrante à imagem do atual mandatário recifense.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa IPMN
- 3. Melhoria de vida
É oportuno realçar que se nota, no conjunto dos eleitores recifenses, na pesquisa deste mês de junho, certa sensação de descrença, de desânimo, de decepção com a vida que levam, tanto assim é que apenas 17% responderam que as suas vidas melhoram muito nos últimos anos. Por outro lado, 71% disseram que a vida melhorou pouco, ou continua do mesmo jeito e 11% declararam que suas vidas pioraram. Não há dúvidas de que esse desalento emocional termina por impactar nos números negativos que emolduram a administração petista.
O gráfico de número 3 desfila os números correspondentes aos meses de dezembro, janeiro, março, abril e junho, no que se refere à percepção do eleitor quanto à vida que levam. A melhoria de percepção de janeiro a março refletiu-se na discreta, porém consistente, melhoria da performance geral do prefeito havida naquele período, inclusive quanto à avaliação da administração.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados das pesquisas IPMN
Os números de março a abril, notoriamente ascendentes quanto à incredulidade do recifense sobre as perspectivas do seu dia-a-dia, estão consistentes com os sentimentos do eleitor a respeito do desempenho geral do prefeito na penúltima pesquisa. Agora, em junho, cresce a sensação de que a vida melhorou muito e diminui a de que a vida piorou. Há, entretanto, um grande contingente (71%) que se manifesta meio descrente, desanimado, declarando que a vida melhorou pouco ou continua do mesmo jeito.
No período dezembro-junho, o sentimento de que a vida piorou cai três pontos de percentagem, enquanto a sensação de que a vida melhorou muito sobe um ponto, configurando uma discreta percepção geral de melhora por parte do eleitor do município.
Considerações finais
Independente dos cenários aventados e das perguntas que envolvem alguns sentimentos dos eleitores, é de se destacar que o atual prefeito não conseguiu ainda convencer o eleitorado a lhe consagrar manifestações mais generosas de avaliação da sua gestão. Também não logrou alterar a negativa imagem de admiração que o eleitor nutre por ele, pessoa e prefeito.
O mandatário municipal foi surpreendido pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), que fez valer a força de suas lideranças e instituiu consulta preliminar aos militantes para definir quem representará o partido nas eleições deste ano, no Recife. Mais um baque na debilitada estrutura política do prefeito. O instituto das prévias petistas ocupou largos espaços na mídia por quase três meses e o eleitorado, majoritariamente (58%), tomou conhecimento de sua realização.
Após o tumultuado processo que pautou as prévias petistas, a executiva nacional do partido indicou o senador Humberto Costa como o pré-candidato à sucessão do atual prefeito. Preterido pelo próprio partido, o prefeito rebelou-se contra suas hostes e veio a receber, de determinados fóruns e segmentos da sociedade, várias manifestações de apreço pela sua obstinada posição.
O mandatário chegou mesmo a transmitir uma imagem de ter sido vitimizado por disputas internas de correntes do partido e pelos líderes da agremiação, locais e nacionais, a ponto de ser-lhe negado até o direito de concorrer à reeleição. O prefeito esperava atiçar a militância do partido e, ao mesmo tempo, angariar simpatia da população.
A estratégia do alcaide não pareceu ter surtido efeito em termos de influência eleitoral, já que as apreciações positivas à sua imagem e à sua gestão não melhoraram. Dá-se a impressão que o cidadão recifense não concorda com o modo pelo qual o prefeito foi tratado pelo seu próprio partido, mas não aprecia sua figura enquanto gestor e político. Quer dizer, o munícipe é solidário à sua situação, porém não a ponto de transformar esse sentimento em manifestação concreta de intenção de voto.
O substituto do prefeito, senador Humberto Costa, não obstante as circunstâncias em que veio a ser guindado representante petista, o que lhe valeu a pecha de candidato imposto, biônico, aparece muito bem nesta pesquisa de junho do IPMN, exibindo apreciáveis índices de intenção de votos, graças aos seus méritos pessoais, a sua militância histórica no PT, à força eleitoral do partido que lhe abriga e ao desgaste da atual gestão.
O representante petista parece, também, ter capitalizado as intenções de voto resultantes da diminuição dos votos brancos, nulos e indecisos, relativamente à pesquisa de abril, a par de ter-se apropriado da votação do ex-prefeito, a quem substitui. É de se aguardar, todavia, futuros levantamentos para avaliar se tais números favoráveis se sustentam no período pós-convenções partidárias.
O quadro político-partidário ainda está muito confuso e indefinido, particularmente no tocante à decisão do PSB de, eventualmente, lançar candidatura própria, o que fragilizaria a postulação do PT e dividiria a Frente Popular.
Somente através de novos e sucessivos levantamentos do IPMN, os sentimentos do eleitor recifense, associados aos indicativos de intenção de votos aos postulantes à prefeitura, poderão configurar tendências mais bem definidas para o pleito deste ano na capital pernambucana.
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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e de Mercado, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. [email protected], http://mauricioromao.blog.br.
[1]A pergunta estimulada é aquela na qual se apresenta ao entrevistado uma relação de nomes dos candidatos (normalmente impressa num disco de papel-cartolina), em ordem aleatória, para que ele escolha um nome de sua preferência.
[2] Nesse caso, da manifestação espontânea de voto, o respondente é instado a dar sua opinião sobre em quem ele votaria, caso a eleição fosse hoje, mas sem que o entrevistador faça uso de qualquer mensagem gestual ou verbal que lembre a figura ou o nome de alguém ou de algum candidato. Quanto mais o nome de determinada pessoa é lembrado, espontaneamente, pelo eleitor, mais esse nome é familiar, mais cristalizado está na sua memória e mais a imagem da pessoa é por ele apreendida.
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