A cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi “infeliz”, mas não cometeu o crime de racismo ao trocar nomes e chamar a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) de “Chica da Silva”.
A PGR ainda não se manifestou oficialmente no caso, mas terá que fazê-lo em uma representação que o líder do PT na Câmara, Odair Cunha (PT-MG) apresentou contra a parlamentar bolsonarista na última quarta-feira.
Na terça-feira da semana passada, Zambelli chamou Benedita de “Chica” enquanto reclamava de não ter espaço de fala na Reunião de Mulheres Parlamentares do P20, que ocorreu em Maceió (AL). O evento reuniu parlamentares de países-membros do G20 para discutir temas como combate às desigualdades e representatividade feminina.
Odair alega que Zambelli “demonstrou ter dificuldades de conviver com a pluralidade democrática” ao chamar – duas vezes num mesmo dia – Benedita de “Chica da Silva”, filha de uma mulher negra escravizada e de um português, nascida no século XVIII na região de mineração de diamantes do arraial do Tejuco, atual cidade mineira de Diamantina.
“Claramente se vislumbra que a comparação com a personagem é usada pela deputada agressora no contexto de sua fala de forma pejorativa, para desqualificar sua identidade racial e, especialmente, sua história política de luta pelos direitos das mulheres”, sustenta Odair.
Segundo interlocutores do procurador-geral da República, Paulo Gonet, para configurar o crime de racismo seria preciso comprovar que Zambelli agiu com a intenção de ofender a deputada petista nas duas ocasiões.
“Zambelli lamenta o referido lapso, mas torna público que não houve qualquer intenção de ofensa à sua colega de Parlamento. Mais uma vez, Carla Zambelli pede desculpas à deputada Benedita da Silva”, diz o comunicado.
Do blog de Malu Gaspar para o jornal O Globo.
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