Em novo posicionamento sobre a crise política nacional, desta vez direcionado apenas ao seu próprio partido, o PSDB, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, advertiu, nesta terça-feira (28/04), que a abertura de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, hoje, seria uma decisão “precipitada, temerária”, podendo inclusive resultar numa “absolvição política” da petista. Com os tucanos divididos em relação ao tema, Elias disse que o momento exige “maturidade e paciência” das lideranças políticas. “O PSDB não pode errar na dose”, alertou.
Na avaliação do prefeito, um processo de impeachment, no atual cenário, seria “muito arriscado” e poderia expor o PSDB como um partido que, tendo disputado o segundo turno das últimas eleições, poderia estar em busca de um terceiro turno. “Não basta a manifestação das ruas para determinar se deve ou não abrir o processo, embora a voz das ruas seja um importante orientador. Deve-se aprofundar mais os aspectos de natureza jurídica, que poderiam reforçar o sentimento das ruas”, disse. Ele ressaltou que a ala que defende a ação precisa aguardar também os desdobramentos políticos, inclusive da decisão do TSE de convocar para depoimentos o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, delatores da Operação Lava Jato, no processo ajuizado pelo PSDB que investiga a campanha de 2014 da presidente Dilma.
Por enquanto, ressalta Elias, os tucanos devem continuar firmes na oposição, aprofundando o debate político mas tendo clareza das consequências de um processo de impeachment que fosse mal sucedido. “Hoje, diante desta crise de governabilidade nacional, creio que não há clima ainda. Colocar uma ação no Congresso pode representar a absolvição política da presidente, seria talvez dar um salvo-conduto a Dilma. É precipitado e arriscado”, analisou.
Diante da divisão que o tema vem provocando entre os tucanos, o prefeito destacou ainda as posições contrárias do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do senador José Serra e do governador Geraldo Alckmin – os três do núcleo paulista do PDSB – e também elogiou a posição do presidente nacional da sigla, o senador mineiro Aécio Neves. “Aécio tem sido um ponto de equilíbrio entre as duas correntes e julgo que ele está correto em aprofundar o estudo jurídico, para que não se fique ingressando com um tipo de ação tão grave, com um embasamento precário ou superficial”.
SAÍDA POLÍTICA
O prefeito de Jaboatão vem, desde o segundo semestre de 2014, alertando que o governo, já à época, deveria ter tomado a iniciativa de uma saída para a crise que unificasse o País, dividido ao meio e, em sua avaliação, quase beirando à ingovernabilidade. “Lamentamos que a presidente Dilma e o seu núcleo político não reconheçam sua precária governabilidade, situação que leva o leva o governo a fazer cada vez mais concessões a setores e partidos fisiológicos, que participam ofensivamente deste loteamento de poder. Foi este tipo de prática que gerou os mensalões, petrolões e ameaça continuar produzindo fatos deploráveis para a nação”, criticou Elias.
Para o prefeito, falta ao governo coragem, humildade e espirito público para construir uma saída política da crise, com base em princípios, programa, metas e uma nova forma de sustentação política. Isso passaria, sugere, pela redução do gigantismo da máquina pública, inclusive com a limitação do número de ministérios, e pela busca de um plano consensual que passe pela restauração da qualidade dos serviços públicos – saúde, educação, saneamento básico, mobilidade e transportes. “E para que possa pretender algum gesto da oposição, o governo teria que encurtar o atual mandato da presidente, que já está envelhecido e dificilmente terá as condições de se recompor. Agindo assim, Dilma sairia como estadista”, conclui Elias, lembrado ter lançado a proposta ainda antes do início do mandato.