Por Terezinha Nunes
Talhado pelos seus dirigentes e filiados para implantar uma verdadeira democracia no Brasil, como ensinam seus manuais, o PT, que já deixou para trás as bandeiras da ética e da moralidade, envolvido, como foi, em diversos malfeitos que infelicitaram a política brasileira, perdeu totalmente o prumo nos últimos dias, no âmbito local e nacional.
No plano nacional, como se não bastasse a inoportuna persistência em defender o controle da imprensa e a implantação da censura, o partido protagonizou, através do ex-presidente Lula, um verdadeiro achincalhe às mais altas instituições públicas, na tentativa explícita de constranger e até ameaçar ministros do Supremo – como foi o caso de Gilmar Mendes – que estão prestes a julgar os réus do mensalão, entre os quais se encontra o mais respeitado dos líderes petistas, o ex-ministro José Dirceu.
No plano local, o PT, que está em frangalhos desde que o ex-prefeito João Paulo e o atual João da Costa romperam e levaram seus problemas políticos e pessoais para dentro da Prefeitura, chegou às raias da insensatez , perdeu o equilíbrio emocional e caminha para o imponderável, rompendo regras, princípios e normas da própria “democracia petista”, como é chamado o sistema que rege a agremiação e vinha permitindo, até agora, o mínimo de convivência entre tendências e grupos partidários.
Como se não bastasse o vexame de submeter um prefeito de mandato a uma prévia para poder ter o direito – que a legislação lhe garante – de disputar a reeleição, o partido se enrolou na própria “democracia interna” que criou, desmoralizou seus principais líderes estaduais, viu cenas de pugilato entre militantes tomar conta das sessões de votação, e, o pior, não deu ganho de causa à maioria.
Embora tenha conseguido obter 52% dos votos da prévia, na qual, segundo a direção nacional, não ocorreu nenhuma fraude, como se chegou a pregar, o prefeito João da Costa ganhou mas não levou.
Foi humilhado, vilipendiado e obrigado a aceitar a uma nova prévia marcada com o simples propósito – sabe-se agora – de apenas adiar por uns dias um plano que já se encontrava em gestação nos bastidores: o de simplesmente defenestrá-lo da disputa, sem dó nem piedade.
A “agonia” de João da Costa que, em 2008, foi escolhido candidato contra a vontade da cúpula do partido e para satisfazer seu mentor político, o ex-prefeito João Paulo, ainda não acabou. Em que pese sua coragem e determinação, condições que não apagam em absoluto sua incapacidade administrativa, é bem provável que o prefeito seja simplesmente proibido de disputar e até ser expulso do partido que ajudou a criar.
A democracia petista, a consulta às bases, o respeito à decisão das urnas foi pro beleléu em nome da decisão da executiva nacional.
Nem na época da ditadura e dos famigerados colégios eleitorais, criados para “dar a impressão” de que os governadores e prefeitos biônicos haviam sido “eleitos”, mesmo que de forma indireta, pelos parlamentares governistas, algo assim aconteceu.
Paulo Maluf, de triste memória, chegou a derrotar figuras como Laudo Natel, o preferido, na época, pelos militares, e, mesmo assim, teve reconhecida suas vitória.
O pior de tudo é que, além de desconsiderar uma população guerreira como a do Recife, submetendo-a a seus caprichos, o PT constrange com sua total descompostura um aliado histórico com o governador Eduardo Campos, cujo avô se notabilizou pela defesa e prática da democracia em todos os sentidos.
CURTAS
Estaleiro
O governo federal está devendo explicações a Pernambuco diante da decisão da Transpetro de suspender a encomenda de 15 navios ao Estaleiro Atlântico Sul que fica com sua sobrevivência ameaçada. Aliás há alguns meses nesta coluna chamamos a atenção para a situação do estaleiro, que já perdera dois presidentes e fora submetido ao vexame de entregar o navio João Cândido em 2010 e depois rebocá-lo para fazer consertos.
Verdade
A Comissão da Verdade, no âmbito estadual, criada pelo governador Eduardo Campos, foi composta a dedo, abrigando advogados e defensores dos direitos humanos de reconhecida capacidade e conduta inquestionável no que se refere à defesa do estado de direito.
Dom Fernando
A Arquidiocese de Olinda e Recife, através do arcebispo Dom Fernando Saburido, reconquistou o espaço que tinha na sociedade, na época de Dom Hélder Câmara, na defesa dos fracos e oprimidos. O arcebispo que, todos os anos, participa do Grito dos Excluídos, foi à Fetape ouvir os agricultores que sofrem com a seca no sertão e se dispôs a reivindicar dos poderes públicos políticas emergenciais e duradouras para que o povo sertanejo possa conviver com a seca.
Lamborghini Huracán EVO diz
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