Por Fernando Castilho
No meio do imbróglio que se tornou a escolha do candidato do PT para as próximas eleições onde João da Costa e Maurício Rands e seu exército de pitbulls se morderam e rosnaram em publico, uma coisa chama a atenção: a total falta de apoio público das correntes políticas que os apoiam, que estão dentro da Prefeitura do Recife e que, seja qual for o vencedor, marcharão com o escolhido já no dia seguinte.
A explicação é simples: todos, com exceção do PTB de Armando Monteiro, que preferiu sair da base aliada desde o ano passado, estruturam a eleição de seus candidatos com base na chapa do governo cujo escolhido vai liderar. E que significa o caminho mais curto para se chegar a um cargo de vereador, uma secretaria, um pacote de nomeações, uma lista de projetos de obras na cidade e acima de tudo meios técnicos, operacionais financeiros para uma eleição tranquila.
O eleitor comum não percebe que o seu voto no prefeito ou no vereador, por exemplo, apenas chancela um acordo de base (ou de cúpula) que é definido pelos donos das legendas, onde são estruturadas as chapas com reais chances de vitória.
Também não percebe que as chances de um candidato a prefeito sem uma coligação forte e sem uma estrutura profissional ou a de um vereador são mínimas. Pelo complexo sistema de distribuição de vagas através do qual as coligações validam a legislação eleitoral que, aliás, os próprios políticos escreveram no Congresso para facilitar a vida de quem está no poder.
Na chapa do candidato do PT, seja ele qual for, e candidatos a vereador dos partidos abrigados na chapa da base aliada, por exemplo, a vida de um candidato é infinitamente melhor que um novato num partido nanico que vai disputar o pleito sozinho. Não quer dizer que não possa se eleger e em toda eleição municipal isso acontece. Mas, o fenômeno apenas valida a regra de que em toda eleição, um azarão dentre o total dos inscritos surge. Mas, o grupo que vai comandar a Câmara Municipal virá sempre do esquema das grandes coligações.
Isso explica porque no caso do Recife, nenhum dos partidos da base de João da Costa ( e que mantiveram seus cargos na PCR) dá um pio. Pelo menos não dará até a cabeça da chapa ficar definida. Porque, é a partir daí que tudo que já foi montado pelos políticos profissionais há meses, vai validar a pré-escolha dos possíveis vereadores do Recife.
Funcionam assim: Primeiro, na chapa de uma aliança ampla como a que o PT deve ancorar, o financiamento é infinitamente mais fácil. Empreiteiros, prestadores de serviços e empresas já reservaram verba para o possível vencedor. Esse colchão financeiro se expande em nível estadual e nacional porque as capitais são estratégicas. Isso quer dizer que sob esse guarda chuva ou colchão financeiro será estruturado todo o esquema de campanha e ele é muito caro.
Na chapa que junta os partidos com chances reais de vitória existe toda uma estrutura para o candidato e seus futuros vereadores. Vai do setor de TV e Rádio ao de imprensa e Internet. Da gráfica a carros de som e pessoas para segurar bandeiras. Do pagamento semanal dos contratados para cabalar votos aos próprios vereadores e candidatos. E mais as equipes de marketing e pesquisas. Tem ainda o pessoal de apoio e logística.
Para a chapa majoritária, existe estúdio só para candidato e equipes de profissionais. E outra só para vereadores. Existe estrutura de alimentação e logística de carros para ocupar a cidade permanentemente pelos 60 dias da campanha e tudo é pago pela coligação.
Tudo isso funciona para que a avalanche de votos somados pela coligação consagre os mais votados independentemente dos partidos a qual pertençam. É por isso que um candidato pode se eleger com menos votos que outro dependendo da coligação. E explica porque os novatos com milhares de votos a mais ficam de fora.
Por outro lado, existem os outros esquemas não menos profissionais. O dos partidos que na oposição precisam marcar posição e que também lutam para, pelo menos, ficar com parte das cadeiras que já possuem. Esses partidos também se financiam com os mesmos agentes, porém em valores menores.
Assim, a eleição funciona para além de eleger um ou dois vereadores, serve para apresentar na TV, o líder do partido em nível estadual, fixar a imagem do senador ou deputado, que visa a sua própria reeleição daqui a dois anos. E que também precisam de estruturas e profissionais para manter o seu pedaço de poder. Isso também custa muito caro e segue o mesmo esquema financeiro do chapão.
Finalmente, os novatos, ideológicos e os sonhadores traçam sua estratégia com esquemas primários e de pouco dinheiro que apenas validam a ideia de que todos podem participar.
É isso que explica porque todo mundo político profissional assiste a João da Costa e Maurício Rands se agredirem em silêncio. E por que, de Eduardo Campos a Lula e todos os demais deputados com secretarias na Prefeitura do Recife, estão calados. Isso não quer dizer que escolhidos não possam perder a eleição. Mas, o esquema que vem da base ajuda muito e está pronto para ser validado.
Felizmente, e para o bem na nossa Democracia, assim como quem está na chapa do Governo, o modelo também serve para ajudar um candidato da oposição que dispara na preferência popular durante a campanha. Ele também permite eleger um pacote de novatos e que tomarão parte das cadeiras deixando gente do chapão de fora. Isso, por exemplo, se deu com João Paulo e Eduardo cuja campanha elegeu gente que era figurante no pleito.
Mas, ainda assim, eles serão apenas parte do “esquemão” ligado ao governo. É que, mesmo perdendo a eleição para prefeito, parte do vereadores eleitos no dia seguinte a vitória, se bandeiam imediatamente para o lado vencedor. Até porque, só sobrevivem debaixo das asas do poder. Ou seja: na guerra da eleição, o voto só serve mesmo é para validar esquema de uma coligação que, às vezes, o eleitor nem sabe que existe.
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