“Vaidade das vaidades, já dizia o sábio, tudo é vaidade.” Assim começa o livro de Eclesiastes. Há traduções diversas, inclusive onde a palavra vaidade é substituída por ilusão. Particularmente prefiro a tradução que versa sobre a vaidade pois para mim esse é um sentimento humano, enquanto a ilusão não, mas ambos são qualidades do que é vão, vazio e fugaz.
2023 bate em nossas portas, e vejo Pernambuco com uma oportunidade de se tornar grande novamente. A eleição de Raquel Lyra para o governo do Estado, juntamente com Priscila Krause para o cargo de vice-governadora me enche de esperanças. Pedi até a um amigo para fazer a ilustração acima para adornar esse despretensioso texto. Mas para que a esperança se transforme em realidade, esse futuro depende da gente conseguir sufocar os projetos pessoais e garantir, Raquel, que se trata sim de um projetocoletivo. E que oportunidade temos: duas mulheres combativas e competentes. Uma com vasta experiência na gestão pública, prefeita de Caruaru duas vezes, secretária de Estado e Procuradora do Estado concursada, a outra com robusta experiência parlamentar que durante períodos que ocupou espaço na oposição que fez aos governos, soube como poucos, e sozinha em muitos momentos, ser uma ferrenha defensora do erário e da correção com a coisa pública e, se como oposição soube apontar o erro dos governos, como governo poderá agora enxergar e corrigir seus próprios erros. Há um verdadeiro complemento entre elas, poderíamos até chamá-las de futuras co-governadoras. Mas lembremos da advertência do sábio no capítulo primeiro, versículo primeiro de Eclesiastes, citado acima. Além disso, temos um problema recorrente, finalizada a eleição já se inicia a campanha para a eleição seguinte, mas rogo que tal fato não impeça que Pernambuco seja forte novamente.
Pernambuco está sim arrasado, um governo que conseguiu a proeza de ser oposição à três Presidentes da República não pode ter nos deixado um legado positivo. O desencontro de informações foi exposto na data de ontem, 26/12/2022, na coletiva da vice-governadora eleita e amadoristicamente rebatido, seja pela assessoria de comunicação, seja pelo próprio governo. Disse pessoalmente ao próprio Paulo Câmara que ele foi um governador governado. Pessoa que por sinal reputo como homem sério e correto, mas foi literalmente enganado pelo vendedor de ilusões Lula que o incentivou a sair para o Senado e ainda disse “você pretende voltar a auditar contas de prefeitos?”, enquanto o próprio Lula articulava com outros personagens do PSB e o seu presidente Carlos Siqueira que negou-lhe a legenda sob o argumento que não poderiam entregar o governo de Pernambuco ao PC do B. Ironicamente Luciana Santos já foi agraciada com o broche de futura ministra de Ciência e Tecnologia, enquanto Paulo aguarda ser lembrado.
Mas como a ilustração desse texto mostra, somente Raquel e Priscila não poderão reerguer o nosso Estado. É um projeto coletivo, como bem disse a governadora eleita em sua diplomação. É necessário deixar as vaidades de lado e pensar no Estado, unindo políticos e população. Há um cabedal de gestores competentes, testados e aprovados, mas também precisamos de políticos experientes para somar esforços. Eduardo Campos tinha seu tempo e seu jeito de montar equipe, lembro-me que ele sempre procurou alinhar os ocupantes das pastas estaduais com os ministérios. É um método inteligente para facilitar o diálogo entre Estado e União. É claro que o atual governo eleito é livre para ao seu tempo e ao seu modo fazer as escolhas dos auxiliares. Também é certo que o governo federal eleito não revela a menor segurança na escolha de seus ministros o que dificulta também a formação dos governos estaduais. É uma verdadeira patuscada. Acredito que a “era dos técnicos” passou. O político comanda, o técnico executa. É assim que deve ser. E Pernambuco tem essa oportunidade, pois a governadora eleita tem autoridade e competência para tanto.
Bruno Brennand – Advogado e professor.
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