José Múcio surgiu como cotado para ministro da Defesa do governo Lula após a equipe de transição consultar os generais Fernando Azevedo e Silva e Edson Pujol, respectivamente ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército em parte do governo Bolsonaro. O nome do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, perdeu força por dois motivos: foi dito a Lula que a nomeação seria vista como uma intervenção do STF nas Forças Armadas. A saída de Lewandowski abriria ainda um outro flanco: a necessidade de nomear um substituto do ministro no Supremo –isso num momento em que Lula ainda não conseguiu resolver as indicações para os ministérios do seu futuro governo.
Titular da Defesa nos governos Lula e Dilma (2007-2011), Nelson Jobim não quis voltar ao cargo. Aloizio Mercadante pintou como nome também: ele tem pai e irmão militares, é bem visto por setores da caserna –mas contra si tem, na visão dos militares, o fato de ser petista. Não é o caso de Múcio: militares bolsonaristas classificam a ida dele para a Defesa como “golaço”.
Ele chegou a ser cotado para assumir cargo no governo Bolsonaro, mas não aceitou. Em dezembro de 2020, quando Múcio deixou o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União, o presidente disse: “Zé Múcio, me permite, sou apaixonado por você. Gosto muito de Vossa Excelência, dos momentos bons, épicos na Câmara e também os maus momentos”.
Na gestão bolsonarista, Múcio sempre foi visto como um político “híbrido”. O político brinca nos bastidores que, se tiver como missão “Brasil acima de tudo”, topa ajudar desde que tenha liberdade para atuar. Só que ele pode ter um desafio: no Judiciário, ministros têm defendido que o próximo ministro da Defesa patrocine uma espécie de reforma na área, como uma emenda constitucional que impeça militares da ativa de ocupar a Defesa e outros cargos no governo –a não ser que passem imediatamente para a reserva.
Entre os militares consultados pela transição, o ministro ideal é aquele que não se envolva em qualquer mudança estrutural das Forças Armadas: nem na regulação nem nas regras; que apenas trabalhe para despolitizar e foque no orçamento das Forças. Isso inclui respeitar hierarquia e ordens na escolha dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Informação do G1 Política
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