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OPINIÃO
“Sob forte comoção, o Brasil tenta digerir a morte de Eduardo Campos”, destaque do El País – 13.08.2014. Em Pernambuco, o trágico acidente de avião afetou de forma imediata as intenções de votos na corrida pelo Governo do Estado.
Esse ano vimos o primeiro ato de campanha do presidente Bolsonaro ser no local onde levou a facada em 2018. Evento esse que foi, sem sombra de dúvidas, ao lado da prisão do ex-presidente Lula, os grandes destaques daquela eleição.
Na UTI com Covid-19, Maguito Vilela foieleito prefeito de Goiânia/GO em 2020. Licenciado do cargo, veio a óbito em 13.01.2021 por complicações decorrentes da doença.
Nunca é demais recordar que em 1985 o País passou quase 40 dias de agonia e comoção com o estado grave de saúde de Tancredo Neves, falecido em 21.04.1985, sem nunca assumir o cargo para o qual fora eleito.
Os exemplos de comoção e impacto na política são infindáveis, por isso me dedico a escrever nesse espaço sob outro viés, sobre o necessário respeito à memória de quem partiu e mais ainda, do respeito ao luto de quem tem que suportar a dor da perda.
No último dia 02.10.2022, primeiro turno das eleições gerais, faleceu precocemente (mal súbito) o empresário Fernando Lucena (44 anos), muito querido em Caruaru e em Pernambuco, esposo de Raquel Lyra,candidata ao Governo de Pernambuco, jovem política com expressiva e vitoriosa trajetória, tendo sido prefeita de Caruaru por 02 (duas) oportunidades, deputada estadual por 02 (duas) oportunidades, secretária de Estado do Governo de Eduardo Campos, sem contar nas aprovações por concurso público para Delegada da Polícia Federal e Procuradora do Estado de Pernambuco. Essa biografia política e profissional de Raquel se une a trajetória e aos apoios de Fernando nesse relacionamento de quase 30 anos.
Em que pese a repercussão quase que imediata desse, repito, trágico acontecimento, restaram as mais diversas teses sobre a possibilidade da comoção ter tomado conta das eleições em Pernambuco. E passada a primeira semana da disputa pelo segundo turno, o que vimos até agora por parte dos apoiadores e da própria campanha de Raquel foi um pedido silencioso, mas muito eloquente, de respeito.
Vários são os levantamentos estatísticos que demonstram o eleitor brasileiro cada vez mais distante das discussões políticas e com grande desinteresse nas eleições. Tragédias no campo da política capturam a atenção do eleitor ao ponto de asseverarmos que a comoção é capaz de afetar diretamente processos eleitorais.
Estamos todos comovidos, é mais do que natural, é questão de empatia, de solidariedade, assim, que tenhamos respeito à memória do jovem aguerrido e determinado Fernando Lucena, respeito às dores que estão sendo suportadas por sua esposa Raquel, seus filhos João e Nando, e todos os seus familiares e amigos (as).
Pernambuco indicou desejar ter uma mulher a frente do próximo Governo e alçou de forma legítima 02 (duas) candidatas briosas, mulheres de pulsos firmes e trajetórias políticas que dão azo às suas postulações. Isso basta! O que deve sobrar agora é respeito.
Delmiro Dantas Campos Neto
Advogado, Presidente da Comissão Especial de Estudo da Reforma Política no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e Coordenador Institucional da ABRADEP
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